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quinta-feira, 17 de março de 2011

Bruno Nogueira e o seu acidente de carro

Hoje voltei a ter carro.
No dia trinta e um de dezembro espetei-me, à campeão, na traseira de um outro carro.
Não foi só espetar-me. Foi como se o meu carro quisesse entrar pelo outro, à força.
Partir o vidro e sentar-se no banco traseiro, à patrão.
Aparte: Foi à tarde, para não começarem já a pensar que sou um bêbado inconsciente que vai conduzir embriagado.
Ou melhor, sou.
Mas não foi o caso nesse dia.
Voltando à história: esbardalhei-me contra um carro de um outro senhor, o que é logo uma boa maneira de acabar o ano.
Ou isso, ou espetar uma lapiseira na menina do olho.
Quando reparei no bonita viatura em que tinha embatido, apercebi-me que era um carrinho daqueles em que tomamos consciência que a brincadeira vai sair cara.
Porsche Panamera.
Pois claro, ia lá agora espetar-me contra uma Ape 50 da Piaggio.
Não senhor, se é para fazer as coisas, que seja com muita dignidade.
E assim foi.
Sai o condutor do carro. Vem ter comigo e chuta o seguinte:
"Epá, oh Bruno, que chatice, eu ainda por cima gosto tanto de ti".
E eu "Desculpa lá, claro que fui culpado, isso nem há discussão".
Ele: "Não te preocupes com isso, ficas com o meu contacto e depois combinamos para assinar a declaração amigável, que aqui as pessoas ficam todas a olhar, e reconhecem-te a ti e a mim".
Pausa.
Eu: "Ok, então dá-me lá o teu contacto, se fazes favor".
Trocámos contactos.
Como eu ia ter com o Eduardo Madeira, pedi-lhe para ele me ir buscar, porque o meu carro ia ser rebocado para o oficina, tal era o estado do bichinho.
Já no carro do Eduardo: "epá, aconteceu uma coisa muita estranha. A pessoa em quem eu bati devia estar a gozar comigo, porque disse para tratarmos de tudo depois para as pessoas não ficarem ali a reconhecer-nos aos dois".
Eduardo: "Mas quem era?"
Eu: "Eu sei lá, era um Carlos que mora aqui na zona e tem um Porsche Panamera.
Eduardo: "Oh, então tu foste bater no Carlos Martins?!"
Eu: "Exacto, é o nome dele. O que é que ele faz?"
Eduardo: "Bruno, é jogador do Benfica".
Pausa.
Resumindo, eu tenho a cultura futebolística de uma garoupa.
E mesmo assim acho que a garoupa era menina para dizer "ei, olha quem é ele, o gajo do Benfica".
Isto tudo debaixo de água, portanto também não se ia perceber grande coisa.

Hoje voltei a ter carro. Um mês depois ficou pronto.
Está como novo, mas cheio de si.
Não esquecer que ele foi ao Panamera do Carlos Martins.

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